O que o iFood fez com os restaurantes brasileiros e como os negócios podem reagir
Entenda como o modelo de negócios do iFood impacta restaurantes brasileiros, os desafios das taxas altas e as alternativas para donos de negócios se fortalecerem no delivery.
MARKETING GASTRONÔMICO
Trinet Digital
8/22/20254 min read


Os aplicativos de delivery transformaram a forma como pedimos comida e abriram novas oportunidades para restaurantes de todos os tamanhos. A promessa parecia perfeita: praticidade para o consumidor, visibilidade para os restaurantes e ganhos para todos os envolvidos. Mas a realidade é mais complexa. Por trás de promoções irresistíveis e entregas rápidas, existe um modelo de negócios que tem sufocado restaurantes e entregadores no Brasil, especialmente em função da predominância do iFood, que domina mais de 80% do mercado nacional.
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Para entender o impacto desse modelo, é importante olhar para a lógica das taxas e comissões cobradas. No plano básico, o iFood retém cerca de 12% do valor de cada pedido, além de uma taxa de pagamento online de 3,2%. Para quem opta pelo plano com entregas feitas pelo próprio aplicativo, a comissão sobe para 23% mais a taxa adicional. Em números práticos, um restaurante que fatura em torno de R$ 1.800 no mês pode perder até 34,5% desse valor só com as cobranças do aplicativo. Essa porcentagem é suficiente para comprometer a margem de lucro e deixar os estabelecimentos em situação de grande fragilidade financeira.
O problema vai além das taxas. A lógica de promoções predatórias, onde refeições são oferecidas a preços muito abaixo do mercado, cria um efeito de canibalização. Restaurantes que antes vendiam de forma lucrativa no balcão ou via telefone, agora veem parte de seus clientes migrando para o aplicativo, onde a margem de lucro é menor. Isso significa que, em vez de conquistar novos clientes, os negócios apenas transferem suas vendas para um canal mais caro, perdendo competitividade. O impacto é sentido principalmente pelos pequenos estabelecimentos, que não conseguem competir com grandes redes ou com iniciativas do próprio iFood, como o “Loop”, que oferecia refeições a preços extremamente baixos.
Os entregadores, por sua vez, enfrentam condições igualmente difíceis. Muitos trabalham mais de 12 horas por dia para garantir uma renda mínima, seja no modelo “nuvem”, em que escolhem seus horários, ou no “operador logístico”, em que cumprem escalas fixas. Apesar do discurso de autonomia, a realidade é de jornadas longas, remuneração reduzida e forte dependência dos algoritmos que controlam quem recebe mais pedidos. Assim, restaurantes e entregadores compartilham o peso de um sistema que transfere custos e riscos para os elos mais frágeis da cadeia.
Diante desse cenário, muitos donos de restaurantes se perguntam: é possível sobreviver sem depender exclusivamente do iFood? A resposta é sim, e cada vez mais negócios estão buscando alternativas viáveis para equilibrar sua operação. Uma tendência que cresce é a criação de canais próprios de vendas, seja por meio de aplicativos white label, sites de pedidos diretos ou até mesmo pelo WhatsApp. A La Guapa, rede de empanadas artesanais, é um exemplo prático: ao lançar seu próprio aplicativo, passou de 4% para 20% do faturamento vindo desse canal, conseguindo reduzir custos e aumentar a proximidade com os clientes.




Além da economia em taxas, os canais próprios oferecem a oportunidade de criar relacionamento direto com os consumidores. Com acesso a informações detalhadas sobre o perfil de compra, os restaurantes podem oferecer promoções personalizadas, programas de fidelidade e comunicação mais próxima. Isso não apenas aumenta a margem de lucro, mas fortalece a marca e reduz a dependência de intermediários. Muitos negócios já adotam estratégias híbridas, usando marketplaces como o iFood para atrair novos clientes e, em seguida, incentivando-os a migrar para seus canais diretos. Um simples adesivo na embalagem, oferecendo desconto em pedidos futuros pelo aplicativo próprio, pode ser suficiente para estimular essa transição.
Claro que manter um canal próprio exige esforço em marketing e logística. Diferente do iFood, que já possui toda a estrutura de pagamento e entrega, o restaurante precisa investir em sistemas e comunicação para conquistar a adesão do público. No entanto, o retorno tende a ser positivo a longo prazo, especialmente para estabelecimentos já consolidados que possuem clientela fiel. A estratégia ideal não é abandonar completamente os aplicativos, mas usá-los de forma estratégica, como vitrine de captação, enquanto se trabalha a fidelização em canais próprios.
Para donos de restaurantes, nutricionistas que desenvolvem cardápios, chefs de cozinha e empresas de alimentos, a principal lição é clara: não se pode depender de um único canal de vendas. Diversificar é fundamental para manter a sustentabilidade do negócio. Usar o iFood e outros aplicativos pode ser vantajoso para atrair clientes, mas é essencial investir em alternativas que mantenham o controle nas mãos do restaurante e garantam margens mais saudáveis.
No fim das contas, o consumidor também ganha com esse movimento. Ao pedir diretamente de um restaurante, ele paga menos, recebe o mesmo prato de qualidade e ajuda a fortalecer um ecossistema gastronômico mais justo e sustentável. Apoiar canais próprios é contribuir para que pequenos e médios negócios continuem existindo e oferecendo diversidade ao mercado.
E o que você acha desse assunto? Você usa iFood ou aplicativos próprios?
Restaurante independente atendendo pedidos e gerenciando entregas próprias. Imagem: Trinet Digital
Entregador de aplicativo em moto durante uma longa jornada de trabalho. Imagem: Trinet Digital
Cliente usando aplicativo próprio de restaurante para fazer pedido online. Imagem: Trinet Digital
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